quinta-feira, 3 de junho de 2010

?



Queria poder trocar essa interrogação imensa
Por uma exclamação profunda e única
Andar enfim em linha reta
Ser algo em equilíbrio
E ponto
E só
.


ana beatriz vasconcelos

terça-feira, 23 de março de 2010

de uma autora desconhecida...


E está tudo rodando, rodando. Respirar tranquilamente, tarefa tão trivial, nunca pareceu tão impossível. Eu sufoco, mesmo livre. Eu me perco, aqui dentro. Eu danço entre convicções distintas, entre os (des)valores de uma vida, entre os olhos do moço do outro lado da sala, do outro lado do mundo, em outro continente. Eu conto casos, eu crio acasos, eu rodopio sem me preocupar para onde meus pés me levarão. E chego nele, naquele olhar faceiro. Me estranha, cheio de manha. Ah, menina, que faz aqui? É tarde, e amanhã tem aula. Que aula, seu moço? Aula de como viver, sem só(mente) existir? Aula de como fazer poesia da alma, já solta da ponta da caneta? Ah, seu moço, o que você sabe sobre mim? Eu sou uma farsa, uma mentira, um desaforo. Eu sou um momento de inconstância, meu. Aliás, vários deles. Fui feita pra ser lida, sem ser entendida - e não é difícil ler-te já que teus olhos correm de um lado para outro como se devorassem a minha expressão descrente de ti. Descrença no mundo, sabe? Não parece, mas já vivi muito, e nisto acrescento cair em poços profundos, bailar em Pasárgadas imaginárias, ser a menina-dos-olhos castanhos, cor da tempestade que chega. Ah, seu moço, você não entende. Continua querendo me decifrar, ainda que não haja mistério de esfinge nenhum. Eu sou clara. Não há o que procurar em minha inquietude, se anjos e demônios interiores são tão visíveis a olhos atentos. Ah, você está indo embora. Pena, seu moço. O primeiro senso é a fuga, seguido pelo medo do que (não) foi. Não quis que fosses o médico e eu, o monstro. Talvez eu já tenha morrido a morte de dentro, e antes do suspiro final, tenha acordado sobressaltada. Eu levanto da cama todos os dias, sem acordar. E, quem sabe, este meu monólogo disfarçado de telepatia seja apenas uma forma de espantar o ócio e criar uma Ilha dos Amores, para um repouso após tamanha empopeia interior. Ah, moço. Eu bem queria bradar ao mundo minha loucura, ver os espasmos de riso (in)consequentes e os pais afastando seus filhos pra longe daquela doida varrida. "Criador, cria e atura. Criador, acolhe agora sua criatura". E todos perguntariam se eu não tomo vergonha na cara por beber tanto e dizer tantas asneiras aos ouvidos ocupados das banalidades cotidianas. Ah, moço, as pessoas não se escutam mais. Às vezes, elas pensam ouvir uns sons agudos, sufocados numa covardia, fundida em receios e convenções. Logo desconversam, "era só uma dor de cabeça, tomo uma aspirina e passa". Dá e passa. Crê e faz. Pensa e fala? Não. Eu continuo, aqui, encenando uma peça para um teatro vazio. Foi-se a época de espetáculos baratos e atores desprezíveis. Que volte agora meu lirismo, libertação minha e da andorinha de Bandeira, que pensou ter passado o dia à toa. "Andorinha, andorinha, minha cantiga é mais triste; passei a vida à toa”.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Deseja traduzir?


Deseja traduzir? Não obrigada... desejo não ver, desejo fugir. Não me envergonho da minha covardia, apesar do que, deveria. Mas se quem é covarde é fraco, que se envergonha é bem mais. Escondo minha cara do tapa, assim na cara. Corro com medo da briga, me escondo no escuro por causa dos fantasmas... ah, insana(idade) essa do meu pesar de ser nesse tempo! Você não vai me alcançar... é o que eu espero. Me deixa sozinha na minha, quietinha, calada. ODEIO gente demais e vazia, mas gosto dos cheios de alma... Coragem? Só pra ser feliz basta. É melhor desconhecer a própria força do que lamentar-se pelo não uso dela (?). Você é quem sabe. Eu não quero traduzir, não obrigada. Muito obrigada.

ana beatriz vasconcelos

E, aí? Paciência...




Paciência... quem sou eu pra te pedir. Paciência? Quem sou eu pra ter. Passa... calma! Eu sei que não posso sentir. Mas o que eu sinto não me impede de imaginar... Pede. Mas pede com força: PACIÊNCIA! Clama por Ele... se ele não te atender, aí paciência. E isso nasce com ou não vive sem? Compra? Não vende. Arruma? Não tem. Cultiva? O que ela come? Me dá? Você não tem... ah! Paciência! Paciência! Paciência... por que tão ausente de mim? Por que só essa lacuna (VAZIA). Que faço eu pra agüentar? Eu te respondo: paciência. MAS COMO PACIÊNCIA? Eu nunca tive, eu nuca vi! Eu te respondo: paciência. Quem tem quer mais, que não quer tem, que não tem... que não tem... paciência. Só te resta respirar esse sofrimento preso-angustiado-atado. Paciência é um sofrimento voluntário. E as vezes nem convém.


ana beatriz vasconcelos

domingo, 14 de março de 2010

how can you be so heartless?







E se tudo for tudo ao contrário do que se espera
Será que o quê que o amor vai entender
Deixar para acontecer com a pessoa certa?
Será que não vai se confundir, trocar as datas
E deixar fluir na hora errada?
E se o coração for outro,
Alguém não tão disposto
De querer um final feliz?

Então valerá a pena se arriscar no tempo
Não acreditar no erro que o destino é capaz,
Então mergulharemos no fundo, naquele profundo,
Insano e doce, desejo intenso, de um pouco de paz
E se o amor soubesse que o tempo aparece
Na face, no corpo e deixa seus sinais?
E se o amor entendesse que felicidade tem pressa
Que em uma hora dessas
Sinto falta demais?



(how can I be so heartless?) 

domingo, 28 de fevereiro de 2010

cicatriz

Foi qual tempestade
Intenso escuro segredo
Fortes ventos
Cortes lentos
Foi como tinha que ter sido
Aconteceu como tinha que ter acontecido
Da tempestade restou essa cicatriz
A marca do que aconteceu
A prova de que fui feliz


ana beatriz vasconcelos 

sábado, 20 de fevereiro de 2010

inspiração

ispiração mal paga

apagada
desfeita
arruinada
sumida
descentralizada
acordada
dormida
certa
errada
foi embora e me deixou
foi embora e nem avisou
saiu
se foi
sumiu
mas ela ha de voltar
inspiração maldita e fraca
que some por motivo insólito
e volta por meio dele
mas ela há de voltar


ana beatriz vasconcelos

domingo, 7 de fevereiro de 2010

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Eu vou pro mundo da lua...




Astronauta tá sentindo falta da Terra?

Que falta que essa Terra te faz?
A gente aqui embaixo continua em guerra
Olhando aí pra lua implorando por paz
Então me diz: por que que você quer voltar?
Você não tá feliz onde você está?
Observando tudo a distância
Vendo como a Terra é pequenininha
Como é grande a nossa ignorância
E como a nossa vida é mesquinha
A gente aqui no bagaço, morrendo de cansaço
De tanto lutar por algum espaço
E você, com todo esse espaço na mão
Querendo voltar aqui pro chão?!
Ah não, meu irmão... qual é a tua?
Que bicho te mordeu aí na lua?
Fica por aí que é o melhor que você faz
A vida por aqui tá difícil demais
Aqui no mundo, o negócio tá feio
Tá todo mundo feito cego em tiroteio
Olhando pro alto, procurando a salvação
Ou pelo menos uma orientação
Você já tá perto de Deus, astronauta
Então, me promete
Que pergunta pra ele as respostas
De todas as perguntas e me manda pela internet
É tanto progresso que eu pareço criança
Essa vida de internauta me cansa
Astronauta, você volta e me deixa dar uma volta na nave, passa a chave que eu tô de mudança
Seja bem-vindo, faça o favor
E toma conta do meu computador
Porque eu tô de mala pronta, tô de partida
E a passagem é só de ida
Tô preparado pra decolagem, vou seguir viagem, vou me desconectar
Porque eu já tô de saco cheio e não quero receber nenhum e-mail com notícia dessa merda de luga
Eu vou pra longe, onde não exista gravidade

Pra me livrar do peso da responsabilidade
De viver nesse planeta doente
E ter que achar a cura da cabeça e do coração da gente
Chega de loucura, chega de tortura
Talvez aí no espaço eu ache alguma criatura inteligente
Aqui tem muita gente, mas eu só encontro solidão
Ódio, mentira, ambição
Estrela por aí é o que não falta, astronauta

A Terra é um planeta em extinção

Gabriel o Pensador

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

explodindo!




Se felicidade fosse um tipo de explosivo, desses bem potentes...teria um pedacinho meu em todos os extremos do mundo.  :)

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Apaixone-se




Apaixonar-se é como flutuar...

Seja no ar, perto do Cruzeiro do Sul, Três Marias ou Ursa Maior...
Seja nas águas calmas do Pacífico, Atlântico, Índico, ou na piscina do vizinho...
É como vestir roupa nova e cheirosa, depois de um banho quentinho naquele dia frio
Sentir os pés aquecidos, as mãos inseguras e o coração vulneravelmente confortável
Uma segurança cheia de medos e uma insegurança resguardada de esperanças
E voltar no tempo uns 10 anos, ou 20, ou até mesmo 40, e se lembrar daquele tempo em que você sorria atôa, inocente, bobo... é isso, apaixonar-se é como ficar bobo.
Sonhar acordado, fazer mil e um planos, imaginar viagens com roteiros feitos só na imaginação.
Apaixonar-se é como se permitir um recomeço, dar um sentindo a existência e juntar as escovas de dentes...
Não existe nada mais gostoso do que se apaixonar
Não existe outra maneira de viver feliz sem ser eternamente apaixonado


Ana Beatriz Vasconcelos

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Buarqueando...




Quem me vê sempre parado, distante, garante que eu não sei sambar; tô me guardando pra quando o carnaval chegar. Eu tô só vendo, sabendo, sentindo, escutando e não posso falar; tô me guardando pra quando o carnaval chegar. Eu vejo as penas de louça da moça que passa e não posso pegar; tô me guardando pra quando o carnaval chegar. Há quanto tempo desejo seu beijo molhado de maracujá; tô me guardando pra quando o carnaval chegar. E que me ofende, humilhando, pisando, pensando que eu vou aturar; tô me guardando pra quando o carnaval chegar. E quem me vê apanhando da vida duvida que eu vá revidar, tô me guardando pra quando o carnaval chegar. Eu vejo a barra do dia surgindo, pedindo pra gente cantar; tô me guardando pra quando o carnaval chegar. Eu tenho tanta alegria, adiada, abafada, quem dera gritar; tô me guardando pra quando o carnaval chegar.




[ Chico Buarque ]

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

segunda feira, 19 de dezembro de 2009



Sabe qual a é a sensação de de repente encontrar alguém que balançou com seu interior há anos atrás e que você acreditou jamais rever? Pois é, foi isso que aconteceu...

Em casa vendo um filme pela segunda vez, sem legenda e sem dublagem, treinando o inglês. Alguém me chama para ir ao supermercado. Temporada de férias, cidade lotada, supermercado lotado. Estava a caminhar despreocupada pelo corredor dos chocolates, e de repente BUHMM, cara-a-cara, você se depara com essa pessoa no meio de um muvuca infernal, olha nos olhos que te preenchem por inteira, sente-se como se estivesse no céu, se enchendo de uma alegria, de um medo, de uma vontade, de um desejo, de um pecado que não foi cometido, de uma lembrança de quase seis anos atrás, e pensa: será que vai ficar somente naquele olhar por toda uma eternidade?

[...]

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

time of sunrise




Guarda num potinho o que pode ter tempo de esperar
O gole bebido mais lento para as coisas que precisam de tempo
Os gestos, as palavras, os pensamentos
Um dia tudo sem pressa vai ser
Com a mesma certeza de que todas as noites terminam no amanhecer

Ana Beatriz Vasconcelos

Le Love

- tenho os pensamentos longos transcritos em versos curtos, não abuso da palavra, não me estendo em assuntos; só acrescento amor em tudo que faço, e todo amor vem da gana da vida... em encontrar beleza nas “coisinhas”, em se apaixonar todo dia pelo céu, em ser quase azul entre o mar, e se ver voando, e se ver brincando em asas que só a imaginação é capaz de nos dar. -



sábado, 31 de outubro de 2009

Da sabedoria

Essencialmente fundamental




Eu sei que não sei muito, alias, sei de quase nada. Da vida então, nem se fala. Ainda não tive esse tempo pra guardar e depois carregar no olhar aquela serenidade dos experientes e calmos. Ainda tropeço. Mas sei ao certo que a cada um deveria dar este conselho são: o amor pode até não ser a regra, mas não deixe que ele seja sua exceção.

Ana Beatriz Vasconcelos

fly


close to me...


"Eu caí...
Anjos não tem solas antiderrapantes para usar nos dias de chuva. Isso dói mais do que puxão de orelha. O arco-íris agora tem sete cores e um hematoma azul.
Ei, você conhece alguém que engesse asas?"


Ana Beatriz Vasconcelos

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

E ouvir e dizer

Palavras de um futuro bom - JotaQuest

[...]

Teus cabelos são a extensão dos meus dedos em forma de carinho, amor.

Ana Beatriz Vasconcelos